domingo, 27 de setembro de 2009

BArt645 - Mansoa, Guiné (1964-1966):


No dia 4 de Março de 1964, o Batalhão de Artilharia 645, embarcou em Lisboa a bordo do M/M UÍGE, com destino ao Comando Territorial Independente da Guiné e desembarcou em Bissau a 10 de Março.
Ainda em Santa Margarida, em Janeiro de 1964, local onde o Batalhão se ía reunindo e se faziam as últimas preparações para o cenário que nos esperava
Santa Margarida em 5/1/1964.
Preparando as Ordens de Serviço, ainda em Santa Margarida em Janeiro de 1964.

Santa Margarida em Fevereiro de 1964.
Santa Margarida em Janeiro de 1964.
O Urbano, eu e o Cunha ainda em Santa Margarida em Janeiro de 1964.
Este era o emblema do Batalhão de Artilharia 645. Foi pintado numa parede das casernas em Mansoa.

Aqui, em Espinho, onde assentei praça em 27 de Julho de 1963.
Eu de óculos escuros, ainda em Espinho, no G.A.C.A. 3.
Já a bordo do M/M UÍGE observando o embarque.
Monumento aos Descobrimentos em Bissau.
Apreciando a piscina do BCaç600, em Julho de 1964, de quem éramos hóspedes.
Em Bissau, também em Lulho de 1964.

Bissau, Julho de 1964. Quando desembarcámos em Bissau o nosso destino era Mansoa mas os aquartelamentos não estavam prontos pelo que ficámos instalados num quartel em Bissau a que chamávamos o '600' porque estava lá o Batalhão de Caçadores 600. Só passados 5 meses de espera é que fomos para Mansoa. Entretanto, a nossa vida era de instrução e ajudar na defesa das guarnições. Apesar de ser escriturário não escapava às sentinelas e outros serviços.
Bissau Abril de 1964. Naquele tempo falava-se muito em 'Psico-social'. Embora ninguém soubesse o que significava depressa aprendemos que queria dizer 'escovar a população'. Era o que fazíamos.
Bissau Abril de 1964. É claro que a política social era mais agradável virada para as 'bajudas'.
Bissau. Esta foto era para mandar à família, só para impressionar. A altura do capim.
Mas o nosso serviço continuava. Patrulhar.
Jugudul, 10/7/65. Aproveitando para fotografar. Fotografar, naquele tempo não era nada fácil. Até as fotografias a cores eram muito raras porque custavam um dinheirão.
Jugudul, 10/10/1965. Também descansávamos, mais pelo calor do que pelo cansaço.
Mansoa, Março de 1965. A porta do Comando onde eu trabalhava. Até se nota o emblema do Batalhão no vaso das flores
Mansoa, Agosto de 1964. Descansando.
Mansoa, Outubro de 1964. Explorando o rio.
Mansoa, Setembro de 1964. Preparando mais uma missão.
Mansoa, 5/8/65. Continuando sempre com a Psico-social.
Mansoa, 5/8/65. Na verdade, a Psico-social até fazia falta. Muita desta gente, especialmente as crianças dependiam das nossas esmolas. Era vê-los, á hora das refeições, a fila que faziam à Porta d'Armas, esperando pelas migalhas das nossas refeições.
Mansoa, 5/8/65. Com as 'bajudas' pelo meio era sempre mais agradável.


Mansoa, 1964. Esta pose era só para a fotografia. Influência dos filmes de guerra daquele tempo.
Mansoa 1965. Mais um momento de descanso mas creio que a intenção desta foto era mostrar o tapete à família. Uma pele de gazela sempre impressiona.
Mansoa 1965. As duas pontes sobre o rio Mansoa. A Ponte Nova ao fundo e a Ponte Velha onde eu estou. A Ponte Velha já só servia para peões. Sei que ainda lá está porque já a tenho visto na Net mas não sei até que ponto ainda está transitável.
Mansoa 1965. Mais outra foto só para impressionar.
Mansoa Março de 1965. As trazeiras do edifício do Comando. Como se pode ver pelo sinal de trânsito estava tudo muito bem organizado dentro do quartel.
Mansoa 1965. Até esta placa informativa nos indicava onde eram as outras localidades onde estavam os nossos colegas do Batalhão.
Mansoa 1965. Esta não era só para impressionar. Eu manejava mesmo uma bazuca, embora não fosse a minha especialidade.
Mansoa 1965. Com um colega.


Mansoa 1965. Que idade poderá ter hoje esta criança? Uma vez que já passaram 45 anos desde este momento e supondo que a criança teria no máximo uns 3 0u 4 anos já deve ser um bom quarentão. Isto se ainda for vivo.
Mansoa 1964. A Porta d'Armas e o edifício do Comando.
Mansoa Agosto de 1964. As trazeiras da Igreja. Um dos poucos edifícios de pedra e cal e talvez o mais alto.
Mansoa 1964. Outra pose para o boneco.
Mansoa 1965. Esta foto não era bem para o boneco. É que ao fim do dia a malta juntava-se perto do rio. Era o melhor local para ver o pôr-do-sol. Era um autêntico espectáculo ver daqui o pôr-do-sol. Era destes momentos que eu tinha pena de não poder tirar fotos a cores.
Mansoa Setembro de 1964. Lá vamos trabalhar novamente.
Mansoa Setembro de 1964. Eu e o Urbano descansando.
Mansoa 1965. O depósito de água dentro do quartel.
Mansoa 5/8/65. Ajudando na apanha do arroz de sequeiro.
Mansoa 5/8/65. Andando pelas ruas de Mansoa. Tenho visto na Net que está quase tudo na mesma.
Mansoa 5/8/65. Até parece que não fiz outra coisa com tanta fotografia com crianças, mas a fome sempre me impressinou e ver estas crianças sempre esfomeadas fazia-me lembrar a fome que passei na Casa Pia, onde fui criado.
Mansoa 6/8/65. Com o Elísio, grande amigo que nunca mais vi.
Mansoa 8/12/64. Eu no edifício do Comando. A 1ª janela à direita era o escritório do nosso comandante Tenente-Coronel António Braancamp Sobral que um dia chamou aqui um negro tocador de tambor. Ele tocava num tronco mais ou menos com um metro de comprido. Esse tronco era escavado por dentro. Parecia mais um barco pequeno. Nos rebordos ele batia com um pau o que produzia um som muito forte que se ouvia muito longe. Era um modo de comunicação entre as povoações. Então o nosso comandante colocou um gravador daqueles de fita dentro do seu escritório e o microfone foi colocado no parapeito da janela e mandou o homem tocar. O homem tocou que se fartou e quando este terminou, desligou o gravador. Rebobinou tudo e voltou ao princípio. Ligou o Play e através da janela toda a gente ouviu novamente tudo o que o preto tinha tocado. Naquele tempo, um gravador era quase uma novidade. Todos os negros ali presentes ficaram de boca aberta. Mesmo alguns brancos ainda não sabiam o que era um gravador. O tocador começou aos saltos. Ele estava houvindo tudo o que tinha acabado de tocar. E depressa começaram a dizer que era magia. Esta foi a maior jogada de inteligência do nosso comandante. Ele não mostrou o gravador aos negros e fez questão de deixar no ar um certo mistério. Isto parecia uma brincadeira inocente mas para o nosso comandante foi a sua primeira missão de trabalho. E deu muito resultado porque os negros olhavam-no como um grande feiticeiro. Os feiticeiros são muito respeitados e temidos numa tabanca. Creio que foi nessa altura que lhe colocaram a alcunha de 'Cavalo Branco'. O nosso comandante era uma pessoa muito alta e de cabelos brancos. Daí a alcunha. Mas na Guiné não havia cavalos.Porquê cavalo? Porque na mitologia local o cavalo representava força e energia do desconhecido. O nosso comandante sabia o que estava a fazer.
Mansoa 1965. Apreciando as coisas que se vendiam no mercado.
Mansoa 1965. Uma cervejinha no único café da terra.
Rio Mansoa Agosto de 1965. Foto tirada pelo 1º Cabo Eduardo Casqueira Cardoso.
Mansoa 1965. Com o Elísio na Ponte Nova.
Nhacra 1965. Abastecimento de água potável numa nascente deste localidade.
Nhacra 1965. Aproveitando a piscina improvisada deste aquartelamento.
Nhacra 1965. Aproveitando para apanhar algumas bananas numa plantação abandonada.
Nhacra 1965. Abastecendo o auto-tanque com a ajuda da bajuda.
Porto Gole, Dezembro de 1964. Um comboio de pessoas para esta localidade.
Porto Gole, Dezembro de 1964. Um monumento aos descobrimentos.
Sansanto, Julho de 1965. Uma aldeia arrazada pelos 'turras'.

Sansanto, Julho de 1965. Ainda a aldeia destruída.